10 de outubro de 2014

Conto de um Escritor

Era um dia claro...

Muitas pessoas já estavam executando suas respectivas tarefas cotidianas.

Todas as manhãs comprava pão da mesma padaria, cumprimentava as mesmas pessoas, atendia os mesmos clientes no trabalho.


Alguns excepcionais, outros precisavam de um divã!

No cair da noite, já voltando para casa, pensava no final de semana. Talvez desse uma volta com os amigos ou ficaria em casa assistindo televisão ou um filminho.

O céu estava  bonito naquela noite, não sabia dizer o que era, mas havia algo de especial.

Quantos dias passam e não percebemos?
E alguns demoram tanto a passar e são incríveis!

Perto já de casa, deparei-me com uma cena simples, mas impactante, e totalmente casual.
Um cachorro estava no canto da calçada, parecia estar com a pata machucada. De frente para ele um menino tentava se aproximar devagar. Falando quase a sussurrar.

Como um personagem secundário, percebi que estava parado e olhava atentamente. Recomecei a andar como um vulto transparente, ignorando, até subir os degraus. Não queria interrompê-los.
Da janela continuei a observar. O menino tinha feito um grande progresso, pois falava muitas palavras de consolo ao animal e já acariciava sua cabeça. Então, ouviu-se uma chamada estridente:

- Onde você estava menino!? Nunca mais corra desse jeito! - bradou a mãe.

O menino calado, apenas apontou para o cachorro, que já não gemia de tanta dor.
E agarrado pela mãe, foi-se.
Olhei para o cachorro, veria o que podia fazer por ele de manhã.

Em silêncio, sentei na mesa, em frente a janela, sob alguns tons do luar. Típico de uma cena num palco, onde as luzes me colocavam como centro de alguma coisa especial. Abri o caderno e escrevi assim:

"Nunca em toda minha existência, anos de experiência, vi um ato tão repleto de ingenuidade e sensibilidade. Talvez para alguns o que vi não seja nada, mas pude perceber a beleza do que é acreditar. Aquele menino que, devia ter uns 10 anos de idade, assumiu um risco no qual poderia ter sido mal sucedido. Poderia ter sido mordido pelo cachorro. É... isso é algo que não sei explicar. Ele acreditou.
 Todos os dias tento ter essa coragem. Mas, admito, como muitos tenho estado na rotina do medo e tenho compartilhado com outros. É duro quando percebemos o quanto tantos anos de vida algumas vezes não nos serve para absolutamente nada. Fico a pensar o porquê de escrever todos os dias e tudo isso. Talvez eu queira transmitir o que guardei, o que aprendi,  não sei.

Onde quero chegar, afinal?
É uma boa pergunta. Só sei que perco-me.
Acho-me.
Conheço-me.
Quando escrevo, quando conto com ajuda de palavras.

Quão elas me adocicam, amarguram, refletem. É o que faço ..!

3 comentários:

  1. Novamente um grande texto da Nathalia, menina de grande imaginaçao e enormes pensamentos :D

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  2. Amei seus contos.. escreve muito bem.. sempre vou passar aqui para ver seu blog.. continue escrevendo.. vc tem talento.. sucesso e muito obrigada

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