23 de setembro de 2014

No Cais do Iguaçú

Entre o amor e o desespero
Ela escolhe a solidão

Corre e pensa,
vai e volta,
chora e ri
Sem sair do lugar

A voz profere o anseio e o medo
Quantos objetivos....
Na foz das linhas vermelhas que colorem o sorriso


Tamanha indecisão !

Vai e volta,
conta as horas,
sempre à espera

A espera desesperada de conseguir,
De alcançar, chegar antes, voltar cedo
E pensar no que ainda está por vir
Sem concluir oque já se passou

Tamanha insegurança !

As madeixas quando lisas confundem a origem

Quem tu és ? de onde vens ?

Só sei que no cais do Iguaçú
Ela adormece mais um dia
Canta e chora,
desabrocha como em poesia
E renasce mais uma vez


-Willian Carvalho

22 de setembro de 2014

Quarta-feira de Jazmin


Quando era só um dia e tornou-se "O" dia

O dia em que as cores desbotaram
E nunca houve um preto e branco tão cheio de vida

Ao falar em sinceridade, digo que nunca gostei de teimosia
Mas agora é sua atenção a teima minha

Intensa e delicada fragrância como sugeria o próprio nome


Quisera poder explicar !

As linhas da geometria esculpidas divinamente na imagem

Quisera decifrar !

O mistério por trás dos olhos
que junto aos finos lábios levam ao longe
Todo pensamento que é brecha para o desejo

Quarta-feira foi de Jazmin...

Da leve e delicada flor
Da coragem, sensualidade e beleza da princesa
Que também é guerreira na vida
Ao cuidar de outra vida por si mesma

Quisera dar-lhe um jardim
Seu recanto e moradia

Onde um mundo então se criaria

O mundo de Jazmin...

12 de agosto de 2014

Praticando o Desapego

Desapegar é preciso para viver
Desapegar é preciso para não sofrer
É necessário aprender a perceber
Quando se está apegado
E principalmente, se está dando errado

Então vamos praticar o desapego
Desapegue-se de tudo para perceber
O que te faz bem e o que te faz sofrer

Desapegue-se de bem materiais
Dedique-se mais a encontrar a paz
Deixe de lado aquela pessoa que sempre diz que tá tudo errado
Desapegue-se dos problemas
Pare de falar sobre seus problemas o tempo todo
Isto só atrairá mais coisas ruins

Desapega do trabalho
Não leve-o para casa
Deixe-o na empresa,ele estará lá no dia seguinte
Há pessoas que parecem não ter vida
Sua vida é o trabalho,ou estão nele,ou falando sobre ele

Desapegue-se do seu namorado(a)
Dedique um tempo aos seus amigos
Lembre-se, você tinha vida antes de namorar
Não faça ninguém a razão da sua vida
Não viva a vida dele ou dela
Viva com ele ou com ela

Desapega dos amigos
Aprenda a apreciar sua própria companhia
Dedique um tempo a si mesmo
Não espere alguém para sair,saia sozinho(a)
E faça novas amizades

Desapegue-se da tristeza,dos relacionamentos destrutivos
Das amizades invejosas
De quem tenta te colocar para baixo
Desapegue do estresse

Dedique-se a ser feliz
Viver em paz consigo mesmo
Apegue-se a você mesmo e confie em si

Desapegue-se tudo que te faz infeliz
Se for preciso, se afaste
E lembre-se
Quando se é corajoso o suficiente para dizer adeus
A vida sempre nos presenteia com um novo "seja bem-vindo"
Então,se deseja ser feliz
Desapega,e viva do jeito que você sempre quis.

9 de agosto de 2014

O Descobrimento de Brasílio

Brasílio vestia cores, embalava ritmos, encenava suas crenças diante do fogo tendo a lua como espectadora. Sua alegria demasiava a inocência, estampada no corpo nu. Pobre Brasílio, não sabia que tal inocência custaria-lhe o pensar, a liberdade e tudo aquilo que achava que deveria crer.

Certo dia um nobre homem vindo de terras distantes, além do horizonte, vencendo o medo das criaturas habitantes de águas tempestuosas, veio ao encontro de Brasílio. Surpresa para ambos os lados que incompreendiam um ao outro.

De um lado toda a riqueza e classe lisboeta pesando em tecidos sobre o corpo, e de outro, as cores de Brasílio. A diferença foi justamente a inocência de Brasílio, que encantado com os objetos reluzentes do nobre homem e seus companheiros, ofereceu tudo, além até do que esperava.

Quando menos se imaginava, Brasílio já havia trocado mais do que bens materiais que viriam enriquecer ainda mais o nobre homem. Havia perdido cegamente sua liberdade de crença, vestimenta e consequentemente aquela alegria que iluminava todas as noites.

Brasílio foi manipulado, enganado, caçado, aprisionado, chicoteado. Durante o tempo passado preso e submisso, Brasílio fez novos companheiros, também vindos de locais distantes. Um dos companheiros, que compartilhava a dor ao lado de Brasílio, tinha a pele escura e contava de sua terra, onde suas tradições também continham riqueza em expressões corporais como as da terra de Brasílio.

Junto a todos os outros companheiros, Brasílio ouviu com atenção todas as histórias e mudou a si mesmo em imagem e som. Colhendo um pouco de cada uma delas, vindas dos mais variados locais. Infelizmente, essa mistura ocasionou ainda mais tormento, pois os anjos do bem que o nobre homem acreditava, julgavam toda crença diferente da deles como inimiga e passível de contenção e proibição.

A fé custou muito sangue a Brasílio. A fé do nobre homem tirou muito sangue de Brasílio. Enquanto questionava o porquê de não poder acreditar no que quisesse, o nobre homem  e sua crença compartilhada por tantos em todo o mundo, afirmava que aquilo tudo era maligno.

Muito tempo se passou, e Brasílio junto a muitos outros lutou, e enfrentou fortemente o nobre homem e suas tropas. Chegou o tempo em que essa opressão terminou, e a tão desejada liberdade fora alcançada, ainda que sua prática necessitasse de mais tempo para ser realidade.

Hoje Brasílio, veste muitas cores, como fazia antes. Entretanto, além das cores originais de sua própria terra, Brasílio acrescentou também todas as outras cores e sons provenientes das histórias sobre as terras de seus companheiros de dor e medo.

Infelizmente Brasílio possui traumas dos tempos passados, tempos de pavor, agonia e submissão. O impacto causado à alma de Brasílio foi tão profundo que o confunde a mente, e como por ironia da vida, encontrou um grande dilema entre o desejo de ser livre e o peso da submissão.

Esse dilema atormenta Brasílio diariamente, onde muitas vezes o peso da submissão esconde o desejo de ser livre para pensar por si mesmo, crescer e aceitar sua própria beleza original do mundo todo.

Logo, Brasílio encanta-se demais com oque vêm de fora ou não atribui o devido valor a si próprio. Seu verde antes tomado e derrubado, hoje é alugado quando não vendido as intenções de outros nobres homens.

Brasílio... tão cheio de vida, cheio de cores e sons, tão rico em essência porém com uma inocência que quebra as barreiras do bom senso e do auto-valor, pondo em risco sua própria existência que se perde diante de tanta falta de atitude.

Limitando sua própria mentalidade, criando rédeas para si mesmo e evitando questionar como fizera em tempos passados, Brasílio faz de sua própria vida a reprise de uma história antiga, contada e deturpada pelos livros.

A história de seu descobrimento.

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