Mostrando postagens com marcador brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador brasil. Mostrar todas as postagens

9 de agosto de 2014

O Descobrimento de Brasílio

Brasílio vestia cores, embalava ritmos, encenava suas crenças diante do fogo tendo a lua como espectadora. Sua alegria demasiava a inocência, estampada no corpo nu. Pobre Brasílio, não sabia que tal inocência custaria-lhe o pensar, a liberdade e tudo aquilo que achava que deveria crer.

Certo dia um nobre homem vindo de terras distantes, além do horizonte, vencendo o medo das criaturas habitantes de águas tempestuosas, veio ao encontro de Brasílio. Surpresa para ambos os lados que incompreendiam um ao outro.

De um lado toda a riqueza e classe lisboeta pesando em tecidos sobre o corpo, e de outro, as cores de Brasílio. A diferença foi justamente a inocência de Brasílio, que encantado com os objetos reluzentes do nobre homem e seus companheiros, ofereceu tudo, além até do que esperava.

Quando menos se imaginava, Brasílio já havia trocado mais do que bens materiais que viriam enriquecer ainda mais o nobre homem. Havia perdido cegamente sua liberdade de crença, vestimenta e consequentemente aquela alegria que iluminava todas as noites.

Brasílio foi manipulado, enganado, caçado, aprisionado, chicoteado. Durante o tempo passado preso e submisso, Brasílio fez novos companheiros, também vindos de locais distantes. Um dos companheiros, que compartilhava a dor ao lado de Brasílio, tinha a pele escura e contava de sua terra, onde suas tradições também continham riqueza em expressões corporais como as da terra de Brasílio.

Junto a todos os outros companheiros, Brasílio ouviu com atenção todas as histórias e mudou a si mesmo em imagem e som. Colhendo um pouco de cada uma delas, vindas dos mais variados locais. Infelizmente, essa mistura ocasionou ainda mais tormento, pois os anjos do bem que o nobre homem acreditava, julgavam toda crença diferente da deles como inimiga e passível de contenção e proibição.

A fé custou muito sangue a Brasílio. A fé do nobre homem tirou muito sangue de Brasílio. Enquanto questionava o porquê de não poder acreditar no que quisesse, o nobre homem  e sua crença compartilhada por tantos em todo o mundo, afirmava que aquilo tudo era maligno.

Muito tempo se passou, e Brasílio junto a muitos outros lutou, e enfrentou fortemente o nobre homem e suas tropas. Chegou o tempo em que essa opressão terminou, e a tão desejada liberdade fora alcançada, ainda que sua prática necessitasse de mais tempo para ser realidade.

Hoje Brasílio, veste muitas cores, como fazia antes. Entretanto, além das cores originais de sua própria terra, Brasílio acrescentou também todas as outras cores e sons provenientes das histórias sobre as terras de seus companheiros de dor e medo.

Infelizmente Brasílio possui traumas dos tempos passados, tempos de pavor, agonia e submissão. O impacto causado à alma de Brasílio foi tão profundo que o confunde a mente, e como por ironia da vida, encontrou um grande dilema entre o desejo de ser livre e o peso da submissão.

Esse dilema atormenta Brasílio diariamente, onde muitas vezes o peso da submissão esconde o desejo de ser livre para pensar por si mesmo, crescer e aceitar sua própria beleza original do mundo todo.

Logo, Brasílio encanta-se demais com oque vêm de fora ou não atribui o devido valor a si próprio. Seu verde antes tomado e derrubado, hoje é alugado quando não vendido as intenções de outros nobres homens.

Brasílio... tão cheio de vida, cheio de cores e sons, tão rico em essência porém com uma inocência que quebra as barreiras do bom senso e do auto-valor, pondo em risco sua própria existência que se perde diante de tanta falta de atitude.

Limitando sua própria mentalidade, criando rédeas para si mesmo e evitando questionar como fizera em tempos passados, Brasílio faz de sua própria vida a reprise de uma história antiga, contada e deturpada pelos livros.

A história de seu descobrimento.

5 de julho de 2014

Por que ?



Quando crianças passamos uma fase em que temos o hábito de perguntar o porque de tudo. Mas com o passar do tempo, maior parte dessas crianças, um dia adolescentes, em seguida adultas param de perguntar o porque das coisas, simplesmente param de questionar.

Passam a aceitar tudo que lhe entregam de bandeja ou se acomodam diante de qualquer desculpa esfarrapada.

Conforme o dia a dia no Brasil fica mais complicado
para a maior parte da população, os jovens que fazem parte da mesma e que deveriam, compôr a presença mais ativa da sociedade simplesmente seguem sem muitos objetivos ou apenas se preocupando com o básico e dando o jeitinho brasileiro para resolver tudo, querendo que sua vida seja como a da novela, e se entretendo com qualquer tipo de entretenimento barato oferecido.

Durante as férias de Copa do Mundo, os mais importantes acontecimentos ou as preocupações mais importantes da sociedade brasileira são deixadas de lado  por parte da mídia, e ninguém se importa, talvez nem note.

A expressão "O gigante acordou" foi dormir e deu luz a "O campeão voltou", aí pergunto, se o Brasil vencer a Copa oque muda efetivamente no Brasil pra massa da sociedade ?
Se não vencer, qual o grande mal ?
Não é possível ganhar todas e tendo um pouco de bom senso dá pra perceber que esse time não convence o suficiente mesmo que ganhe a competição.

Acredite, se a situação está assim há tanto tempo certamente é porque é conveniente para alguém.

Enquanto o comodismo tomar conta, permanecerá da mesma forma. Portanto, torça sim, assista os jogos mas não esqueça das verdadeiras dificuldades do Brasil enquanto nação e não do Brasil enquanto seleção.

Se o algum jogador não joga bem, o problema é exclusivamente dele
e não afeta o resto da sociedade, mas se a educação, economia
saúde, transporte e segurança vão de ruim a muito pior certamente
afeta a todos, inclusive aquele jogador, que mesmo que tenha
condições de viver bem estará sujeito a todas as anomalias sociais
existentes por aí.

Sejamos como crianças e questionemos. Na pior das hipóteses teremos feito nossa parte, e o mínimo incômodo será feito aqueles que convenientemente ditam esse rumo absurdo o qual leva todo mundo junto.



26 de junho de 2014

Música Para Todos

Todos tem direito a música, a informação, a arte e usar destes atributos como forma de expressão.
É de conhecimento comum, que já há bastante tempo o termo "música comercial", ou seja, música para vender, se tornou tão presente. Obviamente a partir do momento que se tem um trabalho, independente de qual padrão artístico que o mesmo se enquadre, é desejo do autor, criador da obra, que a mesma seja divulgada e ouvida, lida, assistida, compreendida, sentida.

Todos esses pré-desejos artísticos foram compactados e usados como cobaias para oque é o chamado marketing, consequentemente depois de muitos estudos acerca da reação do público a determinados produtos musicais, gerou-se uma fantasiosa "fórmula perfeita para se ganhar dinheiro com música", até aí tudo bem, nada como ter reconhecimento pelo seu trabalho e ainda lucrar com isso, porém o problema foi que essa fórmula passou a ser quase que uma regra a ser seguida e tornou-se complicado ser produzido por alguém do ramo se o seu "som", seu rosto, sua postura não fossem como as variáveis da equação. Passou-se literalmente a se pensar em tudo antes mesmo de ser dada vida ao projeto, em vez da busca por autores com aquela sonoridade, com aquela postura, aquela visão ou aquela personalidade é mais fácil maquiar alguém com vontade de fazer isso, empacotar e enviar mundo a fora. Resumindo, ao pensarem em tudo, deixaram de lado justamente o mais importante, que era a arte, da música.

Felizmente para aqueles que não se enquadravam nos padrões comerciais ou não se contentavam em "vender-se" para as produtoras, foi aberto um espaço com o avanço da internet, e com a inclusão da mesma em lugares tão remotos quanto se poderia imaginar. Como um submundo, por uns chamados de "underground", uma realidade musical alternativa mostra que ainda existem muitos músicos bons, verdadeiros amantes da arte expressa em sons. Muitos canais online divulgam trabalhos muito interessantes nos mais variados estilos e ritmos e ainda se pode ouvir quem diga, muitas vezes músicos, que no Brasil, por exemplo não tem mais boa música, oque na verdade é um grande equívoco. Analisando pessoas com opiniões como essa, é possível enxergar que se o mesmo diz que no Brasil não há mais boa música, então sendo ele brasileiro e músico, nacionalmente o trabalho dele passa a ser de má qualidade, correto ?




Por outro lado, tenho que admitir que é decepcionante para artistas no anonimato a preocupação das rádios brasileiras com a falta de novidade de qualidade no mundo musical. A grande maioria das rádios tocam os mesmos estilos musicais, e em algumas delas é possível ouvir as mesmas músicas, todos os dias, nos mesmos horários, é algo tragicamente cômico, pois uma mídia tão antiga e importante como as rádios simplesmente não se importa com mais nada, a não ser tocar aquilo que lhe fará lucrar cada vez mais.

Diante de toda essa poluição sonora, ainda restam canais alternativos que fazem valer o verdadeiro poder da arte, que se feita com vontade, e não mecanicamente, pode vender tanto quanto qualquer enlatado que se encontre por aí. É muito fácil vender seu produto quando você "educa" o povo  à sua maneira, impondo oque é legal, da hora, da moda, mais bonito. Um exemplo de canal como esse é uma rádio da cidade de Seattle, nos Estados Unidos, chamada KEXP, onde semanalmente vários artistas que estão passando pela cidade para tocar em alguma casa de show ou evento por lá, são convidados para ir a rádio falar sobre seu trabalho, e tocar suas músicas. Tudo é gravado, transmitido ao vivo através do site, e ainda é postado em alta definição no youtube. Passam por lá desde bandas que hoje são um pouco mais conhecidas como Artic Monkeys e Alabama Shakes, como também tantas outras que jamais ouviu-se falar no Brasil, e do jeito que vai a situação por aqui, creio que demore bastante para que isso ocorra.

Apenas lembre, que se procurar, é possível encontrar, não importando seu gosto, mesmo que não vá ouvir em frequências verde e amarelas, a internet é uma ótima opção para quem se cansou do marasmo artístico repetido pela mídia que assola o mundo todo, principalmente em terras brasileiras.

25 de junho de 2014

Por quem os times jogam ?

    Nos últimos dias, marcados pelas festividades futebolísticas no mundo todo mas principalmente no Brasil, onde está ocorrendo a tão esperada Copa do Mundo, me vi pensando em algumas situações como a que dá título a este texto e outras mais .
    É muito comum entre os brasileiros, aparecer repentinamente uma sensação de que todos somos um só, e que todos aqueles rapazes com a bela camisa canarinho jogam tendo em suas mentes e corações a vida de cada um dos brasileiros. Não questiono a existência de emoção na competição e que o calor da torcida realmente os envolva durante uma partida, apenas atento para negligências feitas com relação a realidade brasileira antes, durante e depois de tamanho evento.
   Antes do início da Copa, era muito comum ver pessoas se manifestando contra a realização da mesma e crendo em todas as especulações vendidas pela imprensa. Recentemente tive o desprazer de, ao conversar com uma pessoa de fora do Brasil, responder a pergunta "É verdade que mataram crianças para poder realizarem a Copa no Brasil?" , quem me conhece sabe que não sou patriota, mas essa informação que ela detinha chega a ser cômica, afinal não consigo relacionar assassinato infantil de maneira organizada como aparenta ser na pergunta e a preparação para a Copa, que aconteceria de uma forma ou de outra, querer que ela não ocorresse seria como envolver-se em briga de gigantes gregos que comem os próprios filhos sendo apenas um poeta.
   As manchetes de jornal e noticiários de televisão apenas tem tratado, em grande maioria dos casos apenas de futebol, paremos um instante para pensar em semanas antes da Copa começar, estávamos acostumados a ter notícias, ainda que maquiadas e pré-moldadas para vir a público através de um jornal que não informa e sim impõe a informação com forte sensacionalismo para vencer as barreiras da autoanálise, sobre corrupção, segurança, educação e saúde pública. Por acaso todos esses setores agora seguem muito bem sem algum problema ou apenas aquecidos pelo ritmo envolvente de Copa do Mundo e admirados com nossos visitantes esquecemos de nos preocupar temporariamente com os mesmos e nem reparamos que as informações também seguiram o mesmo caminho ?
  Oque realmente uma nação inteira ganha com a vitória do time que a representa numa competição ?
  Orgulho de dizer, "Brasil venceu a Argentina na final da Copa de virada!" enquanto tenta viver com um salário mínimo dependendo do transporte público e a mercê da criminalidade e violência que se tornou tão sorrateira que cada dia seu pode ser o último ?
 Assisto os jogos, vibro em alguns dos casos com vários jogos, mas não esqueço do meu lugar dentro da sociedade, e não me permito esquecer que a vida não parou enquanto a bola rola, e que 64 anos sem   Copa do Mundo não se comparam a séculos de má administração, exploração e desigualdades absurdas.

Translate