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Hoje trago para vocês a resenha do livro Sombras do Medo, de Camila Pelegrini. Semana passada foi postada aqui minha entrevista feita com a autora e agora é a hora de conhecer um pouco mais do trabalho dela. Para aqueles que temem spoilers digo que fiquem tranquilos pois farei essa resenha sem dar spoilers do livro.
Sobre o enredo
Antes de começar a resenha vale nos localizar dentro da história, do mundo criado por Camila. Trata-se de uma distopia onde num tempo futuro o planeta sofria cada vez mais com os desastres “naturais”, de forma que isso resultou num mundo diferente do que conhecemos hoje.O mundo como era conhecido está completamente diferente, abalado ecologicamente e com isso os homens que detinham o poder trataram de fazer uma nova divisão na sociedade, entre singulares e ordinários.
Singulares vivem onde ainda resta o pouco de recursos naturais, cercados e protegidos por muralhas. Os ordinários, por sua vez, estão do lado de fora da muralha, nas chamadas províncias e trabalham arduamente para conseguirem água e comida, e muitos deles morreram na construção das muralhas.
Enredo e Trama
Como parte da sinopse já foi citada acima vou me especificar agora apenas no que diz respeito a trama no decorrer da história. A trama é cheia de suspense e mistérios, a nova situação mundial é apenas o enredo, a base mas a trama envolve muito mais elementos.Dentre os elementos da trama temos o suspense, mistério, um pouco de humor, romance muito bem moderado. Não pense que só porque há um casal apaixonado em uma história que o livro será algo meloso, muito pelo contrário, em Sombras do Medo, o romance principal da história ajuda bastante na evolução dos personagens, os quais serão falados mais à frente.
Para entender um pouco mais temos que entrar no que diz respeito ao desenvolvimento da trama, que é o próximo tópico.
Desenvolvimento
A trama foi muito bem desenvolvida desde o momento em que abri a página do prólogo, que já nos deixa receosos sobre o que pode acontecer, imaginando que tipo de história que virá pela frente. O prólogo é simplesmente instigante e fomenta a vontade de começar a ler, pois ele dá uma ideia geral do que está por vir nas próximas páginas.A medida que a leitura é iniciada fui me identificando com personagens, outros por bem, outros nem tanto. Verdade seja dita há uma quantidade razoável de personagens na história, tópico que será abordado mais à frente.
Em cada capítulo, nem que seja na última frase acontece algo que nos deixa apreensivos e pensando no que está por vir. Até o mesmo o clichê foi bem explorado pela autora, afinal ele é um recurso como qualquer outro e vale lembrar que o clichê só é clichê porque funciona, e independente disso a trama é imprevisível.
Se você é do tipo de leitor que já fica imaginando diversas coisas que podem acontecer, certamente isso não mudará com Sombras do Medo, entretanto, há muitos acontecimentos imprevisíveis ou então aqueles que você até esperava que acontecessem mas não tinha total certeza, pois havia outras coisas que também imaginava que pudessem tomar lugar além de exatamente aquele ocorrido.
Para quem gosta de romance, o livro também será uma boa leitura, uma vez que ele é bem dosado e cresce durante a história, nunca ofuscando a trama principal. Os arcos da história contribuem e muito para fazer-nos identificar com o livro.
Personagens
Os personagens são bem elaborados, tem muitas dimensões e são bem verossímeis. Tem seus momentos de fraqueza, angústia, tristeza, alegria entre outras sensações que nós mesmos sentimos. Tudo isso contribuiu para a veracidade da história e tornando-a bastante coerente de acordo com a base do enredo.Não há conflito entre as atitudes e emoções dos personagens que possam contradizer com sua posição na trama. A autora teve uma atenção especial a esse fato. Os personagens, mesmo os não principais, tem algum papel importante, nem que seja para enaltecer a relevância de um acontecimento. Não há, a meu ver, nenhum personagem que esteja excedendo a quantidade dentro do livro.
A personagem principal bem como outros que fazem parte do seu círculo mais íntimo evoluem muito com a história, tudo de forma muito sutil e não repentina. Mesmo evoluindo tanto, eles mantem a imprevisibilidade e foram algumas as vezes em que me surpreendi com a atitude de alguns deles.
Texto
Entrando agora em um âmbito mais técnico, quero falar do texto do livro que foi algo que me chamou a atenção. O nosso grande medo quando lemos algo de um autor que não conhecemos e principalmente sendo um autor estreante é já menosprezar de vez e nem pensar na possibilidade de o livro ser muito bem escrito. Temos que lembrar que até mesmo os autores mais consagrados já foram estreantes um dia.O livro tem uma riqueza textual suave e ao mesmo tempo nítida. A autora fez um uso inteligente de figuras de linguagem, entre elas: metáforas, ironias, sinestesias, anacoluto e anáforas.
Não se engane, não pense que isso torna o livro complexo e a leitura lenta como se fosse um livro do século XVIII, quando a linguagem era bem diferente.
Muito pelo contrário, a autora usou todos esses recursos de forma bem sutil, nos momentos exatos e pessoas que nem sabem o que são nem perceberão, ou seja não influenciará negativamente a experiência de leitura, seja você um conhecedor da língua ou não.
E venhamos e convenhamos, falar que um livro é bom e não ligar para seu texto é uma contradição. Para contar uma história através da literatura é preciso se valer de recursos que auxiliem a gerar a empatia que desejamos despertar no leitor.
Há quem desconhece esses recursos mas até mesmo esses estão sujeitos aos efeitos de um texto de qualidade. Como já foi citado anteriormente, a leitura é muito fluída, objetiva e não há palavras usadas para ocupar espaço ou “encher linguiça”.
As descrições são precisas, não longas e cansativas de forma que permitem que nossa imaginação aflore mais livremente dentro das informações dadas.
Estrutura
Toda história requer muita atenção antes e durante o processo de criação para que não haja furos, não só dentro da trama mas dentro da própria base do enredo, da realidade criada pelo autor. Além da coerência dos personagens com a trama e suas emoções e atitudes é preciso haver coerência com a realidade em que se encontram.No caso de uma distopia, como de Sombras do Medo, é necessário ter informações suficientes e de forma bem sólida e consistente em mente, para que quando perguntas como: “Como é o mundo agora?” “O que há e o que mudou?”, possam ser respondidas rapidamente e quase que logicamente a medida que segue-se na leitura.
A impressão que me dá é que a autora tem uma boa inclinação para escrever roteiros, de forma que me parece que ela escreveu toda a história e depois organizou os fatos em capítulos, curtos e objetivos, para melhorar o suspense e o mistério da trama.
Como já citado anteriormente, em todos os capítulos há um acontecimento importante que faz a trama progredir, os arcos vão ficando cada vez mais intrigantes e todos são respondidos no momento certo.
A meu ver a autora teve uma frieza literária que aliada à técnica textual e de contar história que, no meu ponto de vista, deixaram a estrutura do livro perfeita. Após o texto, a estrutura do enredo e a relação do mesmo com a trama foi o que mais me instigou a continuar lendo.
Portanto, a história é muito bem estruturada, solta suas explicações no tempo certo e alimenta o mistério e o suspense de forma sutil. Fique tranquilo que você saberá “quem”, “quando”, “como” e “onde” até o final do livro, não reclame antes de acabar.
Não há nada no livro que tenha acontecido e não tenha relevância para o desenvolvimento da trama por menor que seja essa relevância.
Conclusão
Se você gosta de suspense, mistério, algo mais romântico, humor ou apenas procura um bom livro para ler, com toda minha confiança recomendo Sombras do Medo. Eu terminei de ler o livro em um dia, comecei e simplesmente não consegui parar de ler. Mesmo o livro não sendo enorme, não quer dizer que seria fácil de ler afinal a quantidade de páginas não tem parte no que diz respeito à qualidade e fluidez da leitura.A autora tocou num ponto muito falado atualmente e muito polêmico que é a questão ambiental, porém a trama não se resume a isso. No início pensamos que a questão ambiental tivesse sido o estopim mas à medida que seguimos na trama vemos que há outras mensagens passadas que nos fazem ver que a questão ambiental era só a ponta do iceberg dentro da moral da história.
Comum nas distopias é a alusão, analogia, uma metáfora sádica à nossa sociedade atual, e Sombras do Medo não deixa a desejar nisso e realmente me fez pensar em várias coisas que nós, seres humanos, fazemos sem perceber e depois choramos e lamentamos pelas consequências de nossos próprios atos.
A mensagem e a moral da história são muito bonitas e universais, é um livro que qualquer um pode se identificar. Apesar de ser escrito por uma brasileira, é uma mensagem para todos que habitam nosso querido planeta.
Recomento confiantemente a leitura!
Entrevista com a autora: clique aqui
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Essa resenha é um orgulho!
ResponderExcluirMil vezes obrigada!
Foi uma experiência ótima ler esse livro! Espero que venham muitos outros logo! :)
ResponderExcluirEstou começando a ler o livro! Já estou adorando! Muito bem pontuada a sua resenha!
ResponderExcluirMuito obrigado moça!!! Garanto que não se arrependerá com a leitura!!!
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